Este é um espaço interativo, construído pelos alunos da discplina Literatura Brasileira II, ministrada na Universidade Federal do Ceará - turmas 2007.1 & 2007.2. Temos como meta discutir,divulgar e produzir conhecimentos acerca do panorama literário brasileiro compreendido no último quartel do século XIX.

domingo, 23 de setembro de 2007

Artigos Machadianos

“As relações sociais ou uma crítica à sociedade brasileira

Emanoela Araújo

MichelleAlves

Resumo: O presente artigo vislumbra tratar sobre a obra machadiana que introduziu o realismo no Brasil, Memórias Póstumas de Brás Cubas. Contudo, achamos por bem nos limitarmos a uma análise pela perspectiva crítica que Machado fazia à sociedade utilizando-se de sua fina ironia. O realismo da obra supra mencionada trata-se de um realismo psicológico, dotado de uma grande densidade psicológica, que consegue penetrar na alma humana de um modo sutil, desafiando o leitor. Trata-se de uma obra universal e intemporal, portadora de uma ironia corrosiva e de um humor constante, porém sutil.

Palavras-chave: Memórias Póstumas de Brás Cubas; Machado de Assis; Crítica ; Sociedade

Abstract: The present article glimpses to treat on the workmanship machadiana that it introduced the realism in Brazil, Memórias Póstumas de Brás Cubas, However, we find for good in limiting them to an analysis for the critical perspective that Machado de Assis it made to the society using itself of its fine irony. The realism of the workmanship supplies mentioned is about a psychological realism, endowed with a great psychological density, that obtains to penetrate in the soul human being in a subtle way, defying the reader. One is about a universal and intemporal, carrying workmanship of a corrosive irony and a constant, however subtle mood.

Keywords: Memórias Póstumas de Brás Cubas; Machado de Assis; Critical; Society.

_________________________________________________________________________ ¹Graduandas do curso de Letras da Universidade Federal do Ceará (UFC).

e-mail: emanoelaa@yahoo.com.br

oi_michelle@hotmail.com

“Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas”.²

Considerado o marco inicial do Realismo no Brasil, Memórias Póstumas de Brás Cubas constitui uma obra de absoluta originalidade e ousadia ao descrever cenas da vida real através das memórias de um defunto-autor³, um burguês chamado Brás Cubas. Durante a nossa análise, procuramos dar ênfase às relações sociais das personagens, tentando assim, demonstrar as críticas que Machado de Assis4 teria feito à sociedade burguesa de sua época, apresentando personagens egoístas, gananciosas, adúlteras, corruptas, adeptas de jogos de interesses e extremamente preocupadas com a opinião pública. Seguindo essa direção, logo de início, percebemos que a escolha de Brás Cubas, um brasileiro rico e desocupado como narrador da gênese, já nos guia a esse ambiente marcado pelo privilégio de classe e iniqüidade social. Por isso, ele e outras personagens do romance dão tanta importância à opinião pública, pois sabem que nesse meio social no qual estão inseridos, o que realmente importa, são as aparências, as ambições e as vaidades.

Deste modo, em Memórias Póstumas de Brás Cubas, o que impulsiona o comportamento das personagens em relação a sua vida em sociedade são as aspirações de glória e poder, levando-as a agirem de acordo com seus desejos individuais, não se preocupando muito com o próximo.

E para retratar essa gama de vícios humanos, Machado de Assis, utiliza com grande maestria, a ironia que nos leva a dar outras interpretações ao que foi dito; e o humor corrosivo, este último, atrelado ao pessimismo, um pessimismo de alguém que não acredita mais na generosidade humana.

Segundo Afrânio Coutinho,

“Machado de Assis tinha uma visão do mundo-ensombreada pelo pessimismo. Só enxergava o lado mau da natureza humana. É nisto que consiste verdadeiramente o seu pessimismo”. 5

² ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo:Matin Claret, 2007, 4ª ed, p.14.

³ Memórias Póstumas de Brás Cubas é uma obra realista, no entanto, trata-se das memórias de um defunto-autor, e este subjetivismo é uma característica do Romantismo.

4 Machado de Assis nasceu em 1839, no Morro do Livramento, Rio de Janeiro, e faleceu em 1908, aos 69 anos.Foi tipógrafo, revisor, escritor, um exímio colaborador em inúmeros jornais e revistas ao longo de mais de 50 anos de vida literária, funcionário público e um dos fundadores e presidente da Academia Brasileira de Letras- ABL.

5.COUTINHO, Afrânio. Machado de Assis na Literatura Brasileira, p.56. No que diz respeito ao pessimismo machadiano, Afrânio Coutinho crê que seja fruto de uma vida sofrida, pois o nosso autor veio de uma família pobre, era filho de um pintor e de uma lavadeira e ficou órfão muito cedo.Também era mulato, tímido, gago e epilético, talvez ele tenha sofrido muitos preconceitos por conta disso.

A ironia presente na obra é um traço muito marcante, pois, ao comentar no primeiro capítulo, sobre o discurso fúnebre proferido pelo amigo, o autor agradece as palavras em um tom de comoção exagerado. Como verificamos no trecho a seguir:

“Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que têm honrado a Humanidade.” (ASSIS,p.17,MPBC)

“Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei.” (ASSIS,p.18,MPBC).

Aqui, o nosso defunto-autor, ironicamente, deixa subentendido que tal discurso só foi proferido assim, com tanta emoção, utilizando a natureza, que também parecia sofrer com a perda, porque Brás Cubas deixara as apólices ao amigo.

Assim, em alguns trechos da obra, mesmo quando uma personagem, aparentemente, é capaz de um ato generoso para com o outro, logo o narrador nos mostra que deve haver algo por trás desse gesto nobre. Até mesmo a criação do Emplasto Brás Cubas nos mostra que tudo na vida há dois pesos e duas medidas. Para o nosso protagonista, o emplasto contra a hipocondria, seria um remédio que curaria os males da sociedade e uma realização sua, na qual ele teria seu nome nas caixinhas do remédio, e com isso, seria famoso, porque todos saberiam que foi ele quem inventou o remédio. O nosso protagonista tinha ânsia em ser reconhecido por uma realização sua. Contudo, por ironia, ao sair de casa para patentear o produto, contraiu uma pneumonia que o levou a morte.

“Assim a minha idéia trazia duas faces, como as medalhas, uma virada para o público, outra para mim. De um lado, filantropia e lucro; de outro lado, sede da nomeada. Digamos – amor da glória”. (ASSIS,2007,p.19,MPBC).

Então, dotado de ironia e humor, utilizando as memórias de um defunto-autor, Machado de Assis mantém certo distanciamento da narrativa, colocando suas personagens em frente de seus próprios sentimentos, em relação a sua existência em sociedade, estes se encontram livres para fazer suas escolhas e, conseqüentemente, livrar-se da responsabilidade que esses atos trazem consigo.

No decorrer da narrativa, ainda encontramos muitos casos que comprovam essa dubiedade no caráter dos homens, por exemplo, quando o narrador relembra que uma das primeiras coisas que ele aprendeu a falar foram os nomes dos padrinhos.

“...e certamente os dizia com muita graça ou revelava algum talento precoce...”(ASSIS,2007,p.34,MPBC)

“ – Meu padrinho? É o Excelentíssimo Senhor Coronel Paulo Vaz Lobo César de Andrade e Sousa Rodrigues de Matos; minha madrinha é a Excelentíssima Senhora Dona Maria Luísa de Macedo Resende e Sousa Rodrigues de Matos.” (ASSIS,2007,p.35,MPBC)

No que concerne a sua criação, é evidente que, Brás Cubas desde criança foi iniciado no mundo das bajulações, para obter proveito das pessoas influentes sem esforço algum.

O nosso protagonista também se define, ironicamente, como sendo uma flor nascida de uma vulgaridade de caracteres e de uma frouxidão de vontades, ou seja, que o culpado dele ser uma criança levada, um jovem leviano e um adulto sem nenhuma perspectiva foi devido à criação que seus pais lhe deram.

Também observamos, essa dubiedade de caráter, na parte em que Brás Cubas encontra uma moeda de ouro e tenta pelo intermédio da polícia, entregá-la ao verdadeiro dono, ou quando faz uma doação dos cinco contos de réis encontrados em Botafogo para D. Plácida. Em ambos, Brás Cubas espera por uma recompensa devido aos seus bons atos, seja o reconhecimento do público ou para conseguir o apoio da D. Plácida que não se sentia à vontade com o romance adúltero de Brás Cubas e Virgília.

Até em relação ao amor, não há a presença de um amor “romântico”, altruísta, e sim, um amor interesseiro. Roberto Schwarz, afirma que, em Memórias Póstumas, o amor como força de afirmação individual é frouxo e evita fazer frente a seus adversários que, de certa maneira, lhe servem como aliados. Desse modo, o amor visa o dinheiro , como podemos verificar na passagem em que o nosso narrador nos diz que comprou o amor de Marcela, sua primeira paixão, uma jovem prostituta, bonita e interesseira.

“... Marcela me amou durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos”.(ASSIS, 2007, p.49,MPBC)

Em sua temática, Machado de Assis retrata a complexidade do indivíduo, de forma realista e nada romântica, pois a personagem Marcela não amou Brás Cubas de verdade, e sim, amou-o até seu dinheiro acabar, depois, quando acabou o dinheiro, acabou o amor.

O amor também se preocupa com as convenções sociais, como quando Brás Cubas, volta porque sua mãe falece. Então, este se retira para uma velha casa que era de sua propriedade e lá conhece Eugênia, filha de D.Eusébia, mesmo reconhecendo as qualidades da jovem, que era muito bonita, desiste de cortejá-la ao descobrir que ela possui um defeito na perna,era coxa, e também porque era origem humilde. Então, apesar de, inicialmente, sentir remorso por abandoná-la, Brás Cubas sabe que a moça não seria aceita na sociedade e não poderia, portanto, ajudá-lo com o seu desejo de ascensão social. Aqui, percebemos a fraqueza de caráter do nosso protagonista, que mesmo achando Eugênia bonita, e sentindo-se interessado por ela, resolve não arriscar e a abandona, se ele tivesse uma índole romântica, teria se casado com ela.

“Por que bonita, se coxa? Por que coxa, se bonita?” (ASSIS, 2007, p.73, MPBC).

Contudo, mesmo Eugênia sendo uma boa moça, bonita e de olhar franco, o autor observa que até Eugênia era dissimulada, característica essa que pode ser observada em todas as mulheres machadianas.

Isso porque Eugênia havia beijado Cubas e, de repente, sua mãe, D.Eusébia chega e a moça age como se nada tivesse acontecido, como podemos conferir no trecho a seguir:

“Eu fui até a janela. Eugênia sentou-se a consertar uma das tranças. Que dissimulação graciosa! Que arte infinita e delicada!” (ASSIS, 2007, p.74, MPBC)

E logo mais, decide aceitar o conselho de seu pai em seguir carreira política e noivar com Virgília, uma jovem burguesa a qual ele nem conhecia, mas que era filha do Conselheiro Dutra, um homem influente no meio da política e que poderia lhe auxiliar no caminho em direção ao ministério.

“Desci da Tijuca, na manhã seguinte, um pouco amargurado, outro pouco satisfeito. Vinha dizendo a mim mesmo que era justo obedecer a meu pai, que era conveniente abraçar a carreira política... que a constituição... que a minha noiva... que o meu cavalo”.(ASSIS, 2007, p.76, MPBC)

O amor, ainda, deseja uma melhor posição social. No momento em que, Virgília troca o nosso Brás Cubas, “um Cubas!” por outro pretendente, Lobo Neves, já que este tinha mais chances de ser ministro e torná-la bem vista na sociedade. Eis aqui uma mulher ambiciosa que, renunciou ao amor de Cubas por causa de um título de nobreza. Apesar de, como sabemos, tempos depois ela volte a relaciona-se com Brás Cubas.

“Virgília comparou a águia e o pavão, e elegeu a águia, deixando o pavão com o seu espanto, o seu despeito, e três ou quatro beijos que lhe dera.” (ASSIS, p.83, MPBC)

Então, vemos que um título e uma posição social são mais importantes e estão acima do amor.

E, ainda, sobre a importância das convenções sociais na vida das personagens, temos o caso do comportamento raso de Lobo Neves diante da traição de sua esposa com Brás Cubas, mesmo com todas os indícios que estavam a sua frente, ele não consegue tomar uma atitude, denunciando, desse modo o medo que a opinião pública lhe causava e revela a hipocrisia que existia na sociedade burguesa.

É o que vemos adiante, através das palavras de Brás Cubas:

“Pareceu-me então (e peço perdão à crítica, se este meu juízo for temerário!) pareceu-me que ele tinha medo - não medo de mim, nem de si, nem do código, nem da consciência; tinha medo da opinião”. Supus que esse tribunal anônimo e invisível, em que cada membro acusa e julga, era o limite posto à vontade do Lobo Neves “. (ASSIS, p.155, MPBC)

Nota-se, então, que há sentimentos contraditórios por trás dos atos e vontades das personagens, posto que o ser humano em sua essência é inconstante. Fato que remonta ao Ser ou não Ser de Shakespeare, um dos escritores que influenciaram na escrita de Machado de Assis. Nesse caso, o marido traído encontra-se oscilando entre duas possibilidades de reação. De um lado, está seu amor próprio de homem, com o orgulho ferido, e de outro está o receio de perder o que já tinha conquistado como homem público. E como vimos, ele acaba optando por não fazer nada e continuar sua vida de aparências. Sobre essas forças que regem o indivíduo diante de suas relações sociais, Alfredo Bosi diz:

“Uma conseqüência notável para o miolo ideológico do romance é que a unidade, mascarada pela dispersão dos atos e das palavras, ultrapassa os indivíduos e acaba fixando-se em níveis impessoais: a sociedade e as forças do inconsciente. Deslocado assim, o ponto de vista, um velho tema como o triângulo amoroso já não se carregará do pathos romântico que envolvia herói – heroína – o outro, mas deixará vir à tona os mil e um interesses de posição, prestígio e dinheiro, dando a batuta à libido e à vontade de poder que mais profundamente regem os passos do homem em sociedade”6

Outro ponto relevante na obra acerca da crítica que Machado de Assis faz à elite brasileira reside na falta de trabalho ou até mesmo de um ideal de vida consistente de suas personagens. Dessa maneira, a maioria vive à custa alheia, no parasitismo, muitas vezes graças a uma herança recebida ou na esperança de uma. No caso de Brás Cubas, consta que, mesmo desejando riqueza, glória e um ministério, ele não leva nenhuma de suas pretensões adiante. De acordo com Roberto Schwarz, a volubilidade de Brás aparece como o reverso da exclusão de trabalho ou empenho autêntico, e como extensão da iniqüidade social. Para que Brás Cubas, um galho da árvore do Cubas, faria algum esforço se ele, desde criança, tinha todos os seus caprichos atendidos? Na realidade Brás Cubas é a personificação do homem burguês do século XIX que passa pela vida sem realizar nada de relevante, pois nenhuma de suas ridículas pretensões é alcançada. A obra termina em nada, ou seja, Brás Cubas não alcançou a glória que tanto desejava, não foi ministro, não casou. E isso demonstra a sua visão pessimista da vida e do homem.

Segundo Alfredo Bosi,

“Menos do que “pessimismo” sistemático, melhor seria ver como suma da filosofia machadiana um sentido agudo do relativo: nada valendo como absoluto, nada merece o empenho do ódio ou do amor. Para a antimetafísica do ceticismo, a moral da indiferença”. (BOSI, 1994, p.182).

6 BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. 42º ed., São Paulo: Cultrix, 1994, p.180.

E o último capítulo revela bem esse pensamento niilista de Machado de Assis:

“Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de D. Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas cousas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do ministério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas:

- Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria”.(ASSIS, 2007, p.194, MPBC)

Assim, no que concerne à obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis, fez severas críticas à sociedade burguesa do século XIX, mostrando a realidade, tal qual ela era na verdade, com suas personagens adúlteras, dissimuladas, egoístas e corruptas. Sem utilizar eufemismos para descrevê-las, pois sua narrativa descrevia o seu interior, mostrando o íntimo do pensamento de suas personagens, aquilo que elas somente pensavam, mas não ousavam falar, mostra o quanto as pessoas são superficiais e hipócritas, e o quanto a opinião pública era importante, por isso , as pessoas viviam de aparências, o que não mudou aos nossos dias.

Referências Bibliográficas

ASSIS, Machado. Memórias Póstumas de Brás Cubas. 4º ed., São Paulo: Martin Claret, 2007.

BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. 42º ed., São Paulo: Cultrix, 1994.

CASTELLO, José Aderaldo. A Literatura Brasileira: Origens e Unidades (1500-1960). São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004.

COUTINHO, Afrânio. Machado de Assis na Literatura Brasileira. 2ª ed., Rio de Janeiro: Livraria São José, 1966.

PACHECO, João. A Literatura Brasileira: O Realismo (1870-1900). 3ª ed., São Paulo: Cultrix,

SCHWARZ, Roberto. Um mestre na Periferia do Capitalismo. 3ª ed., São Paulo: Duas Cidades, 1998.

TERRA, Ernani e NICOLA, José de. Português: de olho no mundo do trabalho. 2ªed, São Paulo: Scipione,2004.

AMARAL, Emília; FERREIRA, Mauro; LEITE, Ricardo e ANTÔNIO, Severino. Português: novas palavras,literatura,gramática,redação.Vol. único,São Paulo: FTD,2000.

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